sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Os Incríveis Anos 60


Por que incríveis?

Parece incrível, mas os anos 60 exercem um fascínio até sobre as gerações de hoje.Não é raro assistirmos a um show de música em que artistas usam modelitos hippies e “ressuscitam” canções ou sons daquela época.

Ou, ao folhearmos uma revista de moda atual, encontrarmos vestidos tubinhos, calças de boca larga, túnicas indianas, maiôs de crochê, mochilas e sapatos nas cores valorizadas pelas tendências da moda daqueles anos.

Isso tudo talvez se explique pelo fato de os anos 60 serem identificados como a década da rebeldia, da revolução sexual, de costumes e, principalmente, da participação dos jovens na política.

Lambretas e banhos de lua



A juventude também se embalava no rock brasileiro, ao som das músicas ingênuas de Celly Campelo, e acreditava que o Brasil era mesmo um país de futuro.O sucesso de Celly se devia ao ritmo envolvente da música, ao jeito cativante da cantora e às letras simples.



O clima de otimismo vinha do fato de o então presidente da República abrir as portas do país para a indústria estrangeira, principalmente a automobilística, possibilitando à classe média sonhar com uma vida mais abastada.

Chega de saudade...


Chega de saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça, interpretadas por João Gilberto, chegam às paradas de sucesso das rádios que quase todas as capitais brasileiras, dando origem à bossa nova, movimento musical que renovava o samba com letras falando de amor e alegria, embalando os sonhos da juventude da classe média.


Eu te amo, meu Brasil


Era uma época de botar fé no Brasil:em 1962, um filme nacional- O pagador de promessas, de Anselmo Duarte-conquista a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França; a bossa nova ganha fama internacional com Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, a televisão se populariza; o lançamento do volks (o fusca) concretiza o velho sonho de se fabricar um carro nacional; pela segunda vez, o Brasil é campeão mundial de futebol.


Fim dos anos dourados


Em 1964,os militares depõem o presidente João Goulart e tomam o poder, dando início a uma ditadura que se estenderia até 1989, quando o povo brasileiro voltaria a escolher seu presidente por voto direto.Nesse mesmo ano a UNE (União Nacional dos Estudantes) é fechada e, em 1968, em meio a grandes choques entre a polícia militar e os estudantes, que tentavam derrubar a ditadura, é decretado o ato Institucional n°5, que dava ao presidente da República plenos poderes.




O novo regime impõe a censura à imprensa, à arte e à literatura, cassa mandatos de políticos e direitos políticos de cidadãos, prende, exila, e até tortura e mata pessoas que considera subversivas, comunistas ou esquerdistas.

Os reis do iê-iê-iê, a bossa nova, o tropicalismo


Jovem Guarda e O Fino da Bossa eram programas musicais da Rede Record.O primeiro reunia, entre outros, Wanderlei Cardoso, Jerry Adriani, Martinha e o famoso trio Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, que, trajando roupas coloridas, cantavam amores ingênuos, varrões, festas de arromba e paqueras no escurinho do cinema.O segundo,comandado por Elis Regina, abandona “os barquinhos ao sol,um cantinho e um violão” e adota músicas que expressam descontentamento e rebeldia contra o novo regime.


É a época dos Festivais de Música Popular Brasileira, de guitarras elétricas, de músicas veiculadas pela TV e da cultura de massa.Momento de grande efervescência na MPB, com cantores e compositores como Chico Buarque, Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee e os Mutantes, Gal Costa, o poeta Torquato Neto, o maestro Rogério Duprat.É a época do lançamento do Tropicalismo, movimento que, incorporando o rock’n’roll dos Estados Unidos e da Inglaterra, mexe com a estrutura da música e com os comportamentos.

No cinema e na música, o protesto


Ao mesmo tempo em que a juventude dança ao som de ritmos contagiantes como o rock, a twist, o iê-iê-iê e o hully-gully, o cinema se transforma, substituindo os doces musicais hollywoodianos dos anos 50 por filmes de temáticas mais cruas, produzidos principalmente na Europa, como La dolce vita, de Frederico Fellini.



No Brasil, as chanchadas, leves e engraçadas, com Oscarito e Grande Otelo, são substituídas por filmes que mostram a revolução sexual e o homem comum da cidade e do campo: Os cafajestes, de Ruy Guerra, com o primeiro nu frontal; a triste realidade brasileira aparece em filmes como Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos, ou Deus e o diabo na Terra do sol, de Gláuber Rocha.


No Rio de Janeiro, é lançado o espetáculo musical Opinião, estrelado pela cantora Nara Leão e pelos compositores Zé Ketti e João do Valle, que privilegia nossas raízes culturais, protesta contra as injustiças e a falta de liberdade de expressão.Nos Estados Unidos, as universidades protestam contra a Guerra do Vietnã, enquanto o consumo de drogas se alastra.

Sexo, drogas r rock’n’rool


Os anos 60 marcam o começo da era hippie, que defendia a paz, o fim das guerras e a liberdade sexual.Nos Estados Unidos, Bob Dylan, o grande poeta dessa geração, criticava a política norte-americana de cultuar as guerras.A cantora Joan Baez, a grande musa universitária, protestava contra a guerra atômica e a discriminação racial.E ainda faziam sucesso as músicas de protesto de Janes Joplin e da banda Rolling Stones.



A grande revolução na música surge, entretanto, na Inglaterra, com o grupo The Beatles.A banda, formada por John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison, tomava conta do planeta com suas músicas contagiantes, seus cabelos compridos, o psicodelismo, a influência oriental.